manchinha

Outubro 05 2005
eu só conto histórias verdadeiras acreditem porque também não gosto nada de passar por mentirosa mas uma vez que ninguém apreciou as ranhocas vou mudar de assunto para a rainha dona Amélia só porque hoje é o dia que é e a gente deve sempre lembrar-se do que deu origem a quê se bem que para aqui não interessa nada o certo é que a rainha dona Amélia tinha nada mais nada menos que um metro e oitenta e dois de altura uma autêntica amazona não consigo descobrir a altura do rei calculo que a tenham omitido só para contrariar de qualquer forma a senhora voltou para França de onde veio depois de lhe subtraírem o marido e um dos filhos e o antónio de oliveira salazar mandou-lhe uma bandeira portuguesa em mil novecentos e trinta e nove para ela ter em casa calculo que para a proteger de alguma distracção nazi porque segundo me lembro o senhor antónio dava-se bem com uns e outros até mandou preparar uma companhia de artilharia para intervir na guerra eu sei porque o meu tio e o meu pai estiveram em torres novas nessa companhia que ele considerava de elite e para onde foram uma data de meninos bem porque sabiam montar embora os cavalos já não se usassem para puxar canhões desde a primeira grande guerra ali no seio das elites de salazar era assim com uma data de tenentes com nome de família muito empertigados na sela e o chefe de estado a mostrar a sua elite de reserva ora aos boches ora aos ianques de cada vez que vinham trocar assinaturas em acordos que o povo desconhecia e eles agradeciam muito tanto os boches como os ianques e deviam sair dali a dizer safa que o tipo é mesmo retrógrado já nessa altura claro que o que o homem queria era isso mesmo que de Portugal não saiu nem uma ferradura à conta das visitas às elites montadas e armadas lusitanas e assim passou a guerra só que o meu pai que também montava bem mas não tinha jeito nenhum para as máquinas e isso continuou pela vida fora com ele a dizer que não nos preocupássemos de cada vez que avariava um relógio ou um transístor que ele arranjava e de facto fazia-o mas no fim sobravam sempre peças que ele garantia que estavam a mais e portanto não faziam falta o certo era que relógios e transístores feneciam cerca de cinco segundos depois de completada a reparação para nunca mais funcionarem mas como estava a contar o meu pai montava muitíssimo bem e ficava impressionante no seu uniforme impecavelmente passado a ferro e um sorriso confiante que fazia com que ficasse sempre lindíssimo nas fotografias mas não percebia nada de máquinas o certo é que o comandante da tal companhia de elite mandou-o chamar a dias de ele acabar o seu tempo de tropa e explicou-lhe que do quartel dele não saía nenhum oficial sem a carta na altura era uma modernice mas o homem tinha lá as suas convicções e foi assim que um impedido teve quarenta e oito horas para ensinar ao meu pai os segredos do automóvel e cumprir o mando do comandante que lhe passou a carta e o dispensou é claro que uns anos mais tarde e nas seguríssimas picadas moçambicanas os ensinamentos do impedido tiveram amplo uso sendo que nenhum macaco pássaro ou antílope alguma vez abriu o bico para delatar os solavancos do jipe willis pelo mato fora o certo é que nunca percebi como é que os nervos da minha mãe resistiram a tanta engrenagem chiante por força das desatentas mudanças de velocidade só que ali não havia outros espectadores era só seguir em frente o pior eram as pontes daquelas que nem se vêem nos filmes só nos desenhos animados com dois troncos atirados de margem a margem e ele a dizer fechem os olhos que vou fazer pontaria e um dia eu não aguentei o nervoso miudinho e olhei e ainda fiquei pior que ele fazia mesmo o que dizia fechava o diabo dos olhos quando atirava com o jipe para cima dos troncos deve ter sido milagre nunca cairmos à água que tifo apanhávamos pelo menos mas para quem aprendeu a conduzir com o impedido que por natureza e por obrigação regulamentar não podia dar ordens ao seu desinteressado pupilo até ia bastante bem claro que quando chegava a uma cidade distraía-se a dizer adeus às pessoas e batia invariavelmente no carro da frente
publicado por manchinha às 16:08

ai meu deus ke elas todas viviam perto do xipamanine(?)...kik
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Anónimo a 12 de Outubro de 2005 às 12:51

manchas negras, cinzentas e brancas em todos os cantos da nossa vida. que fazer senão chocar de frente com elas e esperar que o acidente tenha consequências notáveis?
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