Dezembro 31 2007
gosto de coisas bonitas jóias e trapos incluídos gosto do toque do vento na minha cara de manhã do som da tua voz no meu ouvido gosto de acordar e sorrir seguir o voo dos pássaros e dos meus sonhos gosto de coisas assim viradas para os pequenos prazeres que me emocionam como uma imensa paixão acho que é mesmo assim que estou na vida apaixonada porque gosto do cheiro da terra molhada e do frasquinho da vivienne westwood de igual forma com idêntico gozo gosto de passar os olhos pelas margens dos rios e emociono-me com a arquitectura das cidades com os caprichos de um caminho construído por muitos passos gosto sobretudo da vida mesmo nos momentos em que a dor é demasiada recordo-a depois com uma espécie de nostalgia talvez por não entender nesses momentos a importância do que magoa pelo que nos prova que amamos que queremos que somos mas gosto de coisas bonitas mesmo quando são feias e me chegam as lágrimas aos olhos e não vês que afinal estou a abrir-te o meu peito em gritos estou a gritar-te mas nestas alturas o nosso filme é mudo e não chega a beleza das imagens para te dizer como gosto de coisas bonitas de ti de nós
publicado por manchinha às 00:37
Dezembro 29 2007
houve um tempo em que as mulheres detinham o poder e se vivia em paz mas depois eles acharam que podiam fazer melhor e o resultado está à vista o que é surpreendente de facto é que um terrorista praticamente espontâneo tenha tido tempo para disparar um tiro na cabeça da sua vítima outro no peito da mesma vítima e ainda accionar uma bomba tudo no meio da maior segurança mas o jogo é deles não é e está sempre viciado
por outro lado que diferença fará lembrar benazir daqui a seis meses se a nossa capacidade para assimilar mortos varia na directa proporção da sua quantidade e passo a explicar que dizer que benazir foi morta é um choque dizer que duas pessoas foram mortas num outro qualquer atentado é igualmente chocante só que a coisa começa a perder o ritmo se se disser que quinze pessoas foram mortas muito mais se cento e vinte e cinco morrerem em mais alguma tragédia e quanto mais se foram quinhentas vítimas ou cinco mil ou as centenas de milhar sumariamente contadas durante o maremoto que nos surpreendeu um destes passados natais eu confesso que perco a capacidade de imaginar e assimilar tanta morte fará pois diferença além da constatação estatística é o que não sei
agora que a senhora bhutto já cá não está para se defender passo os olhos pelos jornais ingleses e descubro com algum espanto um ataque à sua 'voracidade pelo poder' e presumível responsabilidade na morte do seu próprio irmão e outras coisas que vêm mesmo a calhar no momento em que sobe ao pódio como mártir
isto são coisas que se passam longe claro sendo que é tão longe que nem nos afecta muito pensamos nós que achamos que a lei universal da causa e consequência lá longe nos planaltos paquistaneses não pode ter tanta importância assim aqui e agora nos razoavelmente seguros recantos do ocidente por exemplo quantos de nós se dão ao trabalho de saber que os paquistaneses vêem o seu país não como um, mas como quatro países diferentes mais duas partes de Cachemira são muitas nações numa só
há mártires sem país de facto
publicado por manchinha às 12:20
Dezembro 22 2007
vinha ali pela rua abaixo quando dou com um esquilo a correr tipo onda de rádio enlouquecida a pular e aterrar no tronco de uma árvore ficou ali a olhar para mim de noz na boca e eu para ele sem noz na boca esperou que eu pusesse a pasta de baixo do braço que tirasse a luva e alcançasse o telefone que procurasse a função da máquina fotográfica que focasse e pisga-te vai lá tirar fotografias ao raio que te parta fiquei com o registo do tronco e das folhas menos mal
publicado por manchinha às 10:11
Dezembro 19 2007
Quitámela tú... Quitame la suerte
Quitámela pronto si voy a perderte
Llévatela tú... Quitame la vida...
... Esta vida que me sobra
Que me ahoga si respiro de ese aire que te nombra
No la quiero...
No me deja el corazon latir
Este ruego que de tanto suplicarte se ha hecho fuego
Que me tiene echando leña en un bolero
Solo pide si te vas a ir...
Quitámela tú...
Mira... Se me va la vida
Cuando duele tanto el corazon... De latir se me olvida
Mira como pierdo el rumbo
Cuando estas tan lejos se me va
La ilusion tras de ti... Dando tumbos
...este dia que se apaga
Esta herida que envenena
Esta noche que no acaba
No la quiero...
No me deja ser feliz... Sin ti
Solo espero... Que me creas si te juro que te quiero
De morirme junto a ti no tengo miedo
Tengo miedo de vivir sin ti ...
Mira...
Quitámela tú... Quitame la suerte
Quitámela pronto si voy a perderte...
(Rosana, Dando Tumbos)
e o meu pendor para as músicas de dor de corno pronto mas há lá coisa mais pungente que um bolerozito há lá coisa mais quente para a alma há que viver a vida assim como as notas mais altas do refrão nada mais faz sentido
publicado por manchinha às 10:19
Dezembro 19 2007
ele há vidas aventurosas não a minha com certeza não vivia numa barca bum rio gelado num país gelado a gente adapta-se eu sei já quanto aos gelados o assunto muda de figura porque sabem mesmo bem durante o inverno é que no verão o açúcar parece que fica na garganta faz-me sede e enrola-se-me na língua como o vinho tinto o que sabe mesmo bem é descer até ao rio com uma paragem para pegar num café quente uma vista de olhos pelos jornais e um dedo de conversa com alguém
publicado por manchinha às 08:59
Dezembro 17 2007
There must be more to life than this
There must be more to life than this
How do we cope in a world without love
Mending all those broken hearts
And tending to those crying faces
There must be more to life than living
There must be more than meets the eye
Why should it be just a case of black or white
There must be more to life than this
Why is this world so full of hate
People dying everywhere
And we destroy what we create
People fighting for their human rights
But we just go on saying c'est la vie
So this is life
There must be more to life than killing
A better way for us to survive
What good is life, in the end we all must die There must be more to life
than this
There must be more to life than this
There must be more to life than this
I live and hope for a world filled with love
Then we can all just live in peace
There must be more to life, much more to life
There must be more to life, more to life than this
(freddie mercury)
mais do que isto com certeza que eu sei que eu sinto mais do que isto sinto-o de manhã com o vento que passa entre mim e as árvores que levanta as folhas do chão e as sobrancelhas de quem comigo se cruza sinto-o quando canto como se estivesse no banho mas não desisto não me calo que eu sei que o tempo não vale nada e há que fazer tudo o que nos agrada com paixão com vontade como se disso dependesse absolutamente tudo
publicado por manchinha às 13:54
Dezembro 10 2007
gosto mesmo de falar e acho que vem a calhar porque quando me dá para me calar passam-se dias e dias de completo mutismo sendo que hoje está um frio de rachar e não dá jeito nenhum abrir a boca que entram golfadas de ar frio e parece que engoli um nacão de gelado até parece mal andar pela rua assim com ar agoniado se bem que debaixo do gorro e do cachecol não se veja grande coisa o pior é o vacilar que também tenho as pernas geladas se isto continua assim é melhor virar boneco de neve sempre derreto na primavera e aí estou eu pronta para outra e agora vou vocalizar para outras bandas alguém tem aí um café decente à mão que não seja starbuck dorringtons ou costa com uma pinguinha de leite e uma torrada que não esteja prestes a desmaiar de falta de espírito nesta quadra é o espírito que conta sobretudo quando se tem coragem suficiente para não se gastar o que se tem e não tem em ofertas desnecessárias este natal não vou levantar um dedo para dar presentes a ninguém vocês sabem que eu vos amo e eu sei que isso vos chega
publicado por manchinha às 12:45
Dezembro 03 2007
gosto de falar sabem-me bem as palavras na boca especialmente quando olho para ti e parece que elas vem como uma onda prontas para desabar na areia gosto de te abraçar à beira da água as pernas molhadas as ideias a fugir para longe para onde a gente se encontra quando não estamos juntas gosto de falar de perder tempo a ouvir o som que as palavras têm mas não me importo com o silêncio que me pacifica hoje ouvi palavras bonitas fui buscá-las a uma página aberta num livro que amo recitadas em voz alta faziam sentido tinham peso e eram como a beleza que vejo quando te tenho diante de mim
publicado por manchinha às 16:19