manchinha

Janeiro 31 2008
a paz só a encontro na solidão foi por isso que vim para aqui para longe onde sou mais feliz a sós comigo eu que não sei viver sem paixão não me perguntem o que isso significa porque ainda não sei creio que é uma etapa que temos de viver embora eu odeie o conceito de recruta emocional sei cada vez melhor o que é o amor apesar disso não o encontro ou melhor não sei onde pára se calhar sonhamo-lo tanto que depois é o cabo dos trabalhos para o viver e vivê-lo em conjunto é um exercício de perícia e de estratégia pelo qual merecemos todos o nobel o amor está mais perto da pele sim que é o nosso mais poderoso radar para as coisas que lhe dizem respeito não  imagino o que seria da nossa vida sem o sentido da pele do toque do que nos faz tremer e arrepiar mas estou em paz há uma grande tranquilidade à minha volta devo ter neste momento alguma entidade extremosa a rodear-me com longos braços protectores e agradeço porque estava muito muito cansada e agora consigo ser feliz mesmo saudosa do amor e das paixões e da confusão toda que me trazem estás velha deves estar tu a pensar e eu digo-te não sei o que é isso a idade não existe garanto-te deve ter-se escondido porque também não a encontro em lado nenhum é um conceito que me é cada vez mais estranho se calhar é assim mesmo com a idade esquecemo-nos dela
publicado por manchinha às 20:59

Janeiro 30 2008
eu aqui escrevo o que me apetece e se me apetece escrevo sobre alguém mas nem sempre ma apetece por isso escrevo o que me passa pela cabeça e às vezes nem isso não me podem acusar de escrever sempre sobre qualquer coisa que se esteja a passar ou sobre alguém a mim não me podem acusar de mais do que a incoerência que me apontam
eu aqui escrevo mesmo o que me apetece porque só assim é que me entendo comigo mesmo e não há que confundir o que escrevo com a realidade como se confunde um artista com a personagem que ele interpreta numa novela ou num filme não senhora aqui só se escreve o que sai e o que sai é livre é solto é o que no momento nos passa pela cabeça às vezes coerente às vezes não e imaginativo ou tolo ou alegre ou apaixonado ou não
às vezes o que escrevo é só para mim e não me apetece explicá-lo se gostam gostam se não gostam não me afecta nem quando deixam comentários a dizer que não gostam que eu também não gosto de muita coisa e como e calo que vos parece
aqui o que escrevo tem imenso valor para mim e se não tem para os outros é compreensível mas às vezes tem um valor que não lhe atribuo por isso é que digo que é o que me apetece e o que calha e o que sai assim dos dedos quase sem que se saiba como
se o que se escreve aqui deixa sulcos na alma às vezes é preciso mas não é obrigatório dois segundos bastam para se ver se se gosta e depois um clique e já estamos noutra página querem melhor do que isso vai-se a ver e querem mesmo mas têm de me dizer que eu não percebo conversa de surdos quando não são realmente surdos sei que não fazem por mal mas também deixam sulcos deste lado
as palavras têm o valor que têm já se sabe mas há sempre como ignorá-las se não são do nosso agrado passa-se à frente e já está assunto arrumado
publicado por manchinha às 01:40

Janeiro 28 2008
hoje ando de ideias turbulentas como a água do mar quando bulha com as rochas é assim que estou e nem sei bem porquê deve ser da lua ou coisa que o valha às vezes atiro a culpa para os signos o trânsito dos planetas e essas coisas mas a verdade é que ontem comi demais um frango à moçambicana com molho picante de coco e comecei nos martinis passei para o tinto e depois acabei na sangria eu que não bebo habitualmente fiquei com a franja esticada e é assim que me sinto hoje mas valeu a pena que o churrasco estava bom não vale a pena prometer que da próxima não se come tanto que é igual ao litro quando está bom nunca se medem quantidades vou sair daqui a correr até à baixa e quando voltar já estou melhor com certeza há que dizer também que está a chover e eu hoje se calhar apetecia-me ir até à praia e andar por lá descalça só que aqui é tipo faquirismo em cima de calhaus e a ver se não se escorrega tem lá graça nem vale a pena tirar os ténis mas hoje tenho outra coisa para contar que nem tudo são desgraças e a mim a má disposição dura-me cinco minutos estive aqui a fazer contas no meu caderninho secreto e cheguei à conclusão que tenho exactamente oitenta e três por cento de amigas apaixonadas oito por cento de indecisas muito bem dispostas e 9 por cento de amigas simplesmente apaixonantes sendo que a conclusão só pode ser positiva e pronto posso ser feliz outra vez até já
publicado por manchinha às 12:20

Janeiro 22 2008
ando aqui a contar pelos dedos mas não é porque não tenha uma calculadora nem pensar que tenho a maquinaria toda telemóveis um de cada rede a tal calculadora a máquina dos sumos a palm a cafeteira do café máquina fotográfica gravadora e por aí fora e agora perguntem-me lá quantas vezes as uso que eu digo-vos se não todos os dias pelo menos dia sim dia não chego à conclusão que gasto todo o meu dia de volta dos gadgets é lá possível que perca tanto tempo a utilizá-los todos mas é verdade também tenho um caderninho aliás vários onde vou rabiscando muito contente o que me passa pela real veneta sempre que me falha um dos gadgets já viram que a palavra me agrada tudo menos o filme do inspector que sempre me irritou desde catraia que tipo desinteressante irritante e então estava eu a dizer que tenho os caderninhos que fazem assim as vezes de blogue só que passam a vida enfiados nos bolsos na mala no porta-luvas onde calha que também é mais ou menos quando calha que pego neles e debito aleivosias às vezes vou lá e leio qualquer coisa e assombro-me sempre mas que raio não me lembro nada de escrever isto nem pareço eu tudo bem já tive tempo de aprender que a memória é a coisinha mais traiçoeira que temos sempre a emparelhar por aquilo que nos faz gosto até dos desgostos se lembra a gosto enfim e então no outro dia fui descobrir uma filinha de números e andei às voltas com aquilo que não sabia para que raio tinha eu assentado a data com todo o cuidado e depois aquela carrada de números não fazia ideia imaginem que importância têm estas coisas para nós que as anotamos e depois não nos lembramos não sei se vos acontece mas a mim é mais que frequente e então peguei no telefone e disquei o tal número a ver se era mesmo um telefone se bem que seja um sítio improvável anotar um número de telefone por baixo de uma data mas sim era mesmo olá até que enfim disse-me de lá a voz então que combinamos o que tu quiseres respondi logo antes que se percebesse que não fazia a mínima ideia do que estava a falar então pronto pode ser sexta-feira no lugar do costume claro claro pode sim está combinado então está sim até sexta sim sim beijinhos beijinhos e desligou isto já foi antes da sexta-feira passada e continuo sem fazer a mínima ideia de quem era nem do que se passou
publicado por manchinha às 10:39

Janeiro 18 2008


gosto do número um que tem aquela coisa de filha única mimada intelectual distante que acaba por ser uma solitária que se resguarda mas gosta de companhia já o dois é um número de namorados de gémeos que se replicam e vivem a sua felicidade em perfeita indiferença para com o que se passa à sua volta que a gente vê de mãos dadas ou em abraços pelos jardins e na fila do cinema mas do três eu gosto que é forte amarelo um número de terceira pessoa possessiva mandona que subjuga as outras duas tem personalidade e é impossível não gostar dele o quatro já é mais coisa de casais contentinhos que se dão muito bem e anseiam por um pouco de aventura mas se escudam no seu confortável estatuto castanho cinzento às vezes azul-marinho como os blazers dos frequentadores de clubes de vela o cinco é um número de rebeldia um conjunto que no entanto distingue os seus membros uma coexistência difícil trabalhosa e também livre e ao sabor dos caprichos muitas vezes em tons de vermelho gritante como uma voz que luta para se fazer ouvir o seis no entanto é assustador como um conjunto de ovelhas que se juntam ao meio dia encostadas a um débil pauzinho na esperança de aproveitar a linha de sombra que ele proporciona o sete é um artista caprichoso brincalhão inconsequente aparatoso palavroso solar e agradável quando não ressaquento e mal disposto já o oito é um bloco militar retraído defensivo forte sólido e sagaz o nove é uma associação de intelectuais gente bem nascida e discreta educada inteligente mas dificilmente generosa para quem é de fora e o zero é um mistério hibernação animal fofo mas perigoso desconhecido
publicado por manchinha às 11:53

Janeiro 17 2008
hoje pediram-me falar da cultura da côdea foi assim de repente sem aviso prévio e ali estava eu em frente a um mar de olhares desconfiados à espera de um improviso milagroso que me ajudasse a dar um salto de anjo perante a plateia a cultura da côdea nunca foi o meu forte caramba mencionei-a apenas num serão fiz uns arabescos ilustrei ao de leve o tema mas confesso que foi tudo para cortar a palavra ao chatarrão que não parava de falar de negócios e assim pus-me a perguntar à minha vizinha da esquerda o que sabia ela sobre a cultura da côdea claro que nada respondeu-me ela porque não é propriamente assunto que mova montanhas e que nos faça parar para pensar a meio do dia não mas eu não desarmei e já tinha o pão na mão uma bola de côdea rija num jantar fino que nos ia arranhar as gengivas e o céu da boca a todos se nos atrevêssemos a aplicar uma dentada numa coisa daquelas e a cultura da côdea é precisamente isso disse eu a tratar o pãozinho como um diamante que se exibe depois de uma afoita expedição por savanas e minas de salomão quem não pensa na cultura da côdea não pensa em absolutamente nada e nessa altura já o chato estava a olhar para mim com cara de poucos amigos ele que tinha a boca cheia de pão e pathé e parecia que não se entupia nem nada com tanta tralha dentro dele que ali não havia côdea que resistisse é claro que nessa altura era preferível olhar para mim que afinal só brincava com um pãozinho entre os dedos em vez de estar a falar sem parar com a comida a enrolar-se na boca com as palavras que nem se consegue prestar atenção quando a comida vira assim conteúdo de saguão e bem à nossa frente por isso ali estava eu com a cultura da côdea lançada os dedos a acariciar a crosta do pão que de repente se tornou a coisa mais interessante do jantar então por que é que nos servem uma côdea destas num jantar tão esmerado dizia eu e já a partir o pão ao meio mostrava o miolo macio e ainda a cheirar a forno porque tudo na vida é um pouco assim há que buscar por trás da côdea a suavidade que nos convém mas a côdea também denuncia o miolo seco e desinteressante afinal é preciso reparar nas pequenas nuances que nos põem à frente não deixar que as aparências nos toldem o juízo nem toda a saliva do mundo chega por vezes para engolir o excesso de forno numa côdea mas dentro da panela migada com alho e azeite e ervas frescas até nos excita os sentidos a deslizar com um dedo de tinto encorpado e quente e por aí adiante a inventar que eu quando me solto já não paro tem existência a cultura da côdea ou outra cultura qualquer mas ali à frente daquela gente à séria a olhar para mim só me lembrei de pegar nas bolas enfarinhadas nos cacetes franceses e nas pitas e desfazê-las em pedaços atirá-las para uns e para outros então queriam a cultura da côdea pois aí a têm digam-me lá depressa o que é um raio de uma côdea na mão na boca no chão no nariz ou numa mesa não sabem pois não claro que não porque a verdade é que é para isso que aqui estamos para aprender para que serve o raio da côdea seja ela rija seca mal cozida ou mole como uma hóstia que para aprender não se discrimina na matéria e uma côdea é tão boa como qualquer outra quando queremos olhar e perceber e trocar e experimentar
publicado por manchinha às 00:50

Janeiro 16 2008
Vengo a ofrecer mi corazon

Quien dijo que todo esta perdido,
Yo vengo a ofrecer mi corazon.
Tanta sangre que se llevo el rio
Yo vengo a ofrecer mi corazon.


No sera tan facil, ya se que pasa...
No sera tan simple como pensaba
Como abrir el pecho y sacar el alma
Una cuchillada de amor.


Luna de los pobres siempre abierta,
Yo vengo a ofrecer mi corazon
Como un documento inalterable
Yo vengo a ofrecer mi corazon


Y unire las puntas de un mismo lazo,
Y me ire tranquila, me ire despacio,
Y te dare todo y me daras algo ...
Algo que me alivie un poco mas.


Cuando no haya nadie cerca o lejos
Yo vengo a ofrecer mi corazon
Cuando los satelites no alcancen
Yo vengo a ofrecer mi corazon...


Y hablo de paises y de esperanzas,
Hablo por la vida, hablo por la nada
Hablo de cambiar esta nuestra casa
De cambiarla por cambiar nomas...


Quien dijo que todo esta perdido
Yo vengo a ofrecer mi corazon.

(mercedes sosa)

sou incapaz de me decidir entre a interpretação da mercedes de sousa e a da martírio fico encantada com qualquer delas puxam-me das coisas complicadas dos becos em que tantas vezes me enfio

publicado por manchinha às 09:38

Janeiro 15 2008
fecho os olhos e vejo-te rio turbulento que ainda hei-de atravessar em cores vibrantes paisagens despejadas aos meus pés gosto de passear descalça pela vida a sentir uma a uma as pedras postas no meu caminho a suavidade das areias quentes a rudeza do solo e à noite quando me debruço para lavar a sujidade que se acumulou com os meus passos emociono-me com o som das vozes que ainda me ressoam dentro da cabeça e que povoam os meus sonhos até que exausta me abandono aos misteriosos silêncios da noite
publicado por manchinha às 14:18

Janeiro 08 2008
sei que voas quando não estamos a olhar sei que sobes feres o ar com o teu corpo feito cometa magia alegria e voas atravessas vertiginosamente vales montanhas oceanos sentes os salpicos salgados das ondas os ventos indomáveis os dedos húmidos das nuvens o cheiro das florestas o som da terra que te aplaude eu sei que voas as tuas viagens são felicidade liberdade quando não estamos a olhar o teu corpo só a ti pertence solto em qualquer lugar onde haja espaço para a tua força energia luz sentida em cada fibra cada centímetro das asas imaginárias porque tu não precisas de asas voas e não precisas de nada de ninguém de rumo de estradas traçadas estudadas porque o teu destino é apenas teu quando não estamos a olhar e quando regressas sei que estás comigo porque a tua pele brilha ao meu lado na sombra enquanto o sono toma conta de ti e suspiras enquanto puxo o lençol devagarinho como um véu sobre a tua aventura
publicado por manchinha às 20:28

Janeiro 04 2008

quero um dia fechar os olhos pondo de parte a luta sabendo que é chegado o momento de me abandonar que todas as coisas possíveis estão feitas não me tendo o sono roubado a maior parte da vida todas estas coisas que explodem no meu peito estarão feitas e todos os meus beijos para ti foram suave e apaixonadamente depositados nos teus lábios todos os carinhos cumpridos com vontade todas as emoções libertas como a sede que saciamos quero um dia fechar os olhos e com a memória dos teus abraços da tua pele do teu calor no meu corpo e no rio frio em que mergulhar tenho a certeza que te vou reencontrar de ouvir o bater dos nossos corações em conjunto e o som do nosso riso

publicado por manchinha às 10:11

manchas negras, cinzentas e brancas em todos os cantos da nossa vida. que fazer senão chocar de frente com elas e esperar que o acidente tenha consequências notáveis?
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