por outro lado que diferença fará lembrar benazir daqui a seis meses se a nossa capacidade para assimilar mortos varia na directa proporção da sua quantidade e passo a explicar que dizer que benazir foi morta é um choque dizer que duas pessoas foram mortas num outro qualquer atentado é igualmente chocante só que a coisa começa a perder o ritmo se se disser que quinze pessoas foram mortas muito mais se cento e vinte e cinco morrerem em mais alguma tragédia e quanto mais se foram quinhentas vítimas ou cinco mil ou as centenas de milhar sumariamente contadas durante o maremoto que nos surpreendeu um destes passados natais eu confesso que perco a capacidade de imaginar e assimilar tanta morte fará pois diferença além da constatação estatística é o que não sei
agora que a senhora bhutto já cá não está para se defender passo os olhos pelos jornais ingleses e descubro com algum espanto um ataque à sua 'voracidade pelo poder' e presumível responsabilidade na morte do seu próprio irmão e outras coisas que vêm mesmo a calhar no momento em que sobe ao pódio como mártir
isto são coisas que se passam longe claro sendo que é tão longe que nem nos afecta muito pensamos nós que achamos que a lei universal da causa e consequência lá longe nos planaltos paquistaneses não pode ter tanta importância assim aqui e agora nos razoavelmente seguros recantos do ocidente por exemplo quantos de nós se dão ao trabalho de saber que os paquistaneses vêem o seu país não como um, mas como quatro países diferentes mais duas partes de Cachemira são muitas nações numa só
há mártires sem país de facto