hoje tenho lágrimas nos olhos quero espantá-las até porque fazem dores de cabeça e não há lágrimas purgadoras nem consolações piedosas que afinal agudizam ainda mais as penas por que não basta cerrar os dentes e contê-las não chega um corpo inteiro para parar a dor e tu dizias-me com a idade é mais fácil vais ver mas não pelo contrário sinto-me mais tola à medida que o tempo passa mais consciente dos pequenos afectos afinal tão grandes importantes nada ténues o teu sorriso achava-o irónico afinal divertias-te com os meus esforços birras de criança grande a querer levar tudo à frente a desbaratar forças e afinal tu é que sabias porque nesta vida há que ter um nada de santo para se compreender tanto esperar tanto e fazer outro tanto para mim ao mundo há que talhá-lo se não é assim há-de ser calma não pode ser tudo à força dizias-me para meu desespero mas depois descobria o brilho nos teus olhos quando alguma coisa me saía bem nem por isso me poupavas estavas a mostrar-me coisas agora sei-o na altura não e agora que falta me fazem procuro-as na mesma deixa que não hei-de esquecê-las só hoje não posso usar mais palavras porque estão como as lágrimas a toldar-me a alma
publicado por manchinha às 01:57
-Diz-me, o que devo esquecer?...Entende de uma vez por todas...Não existe o esquecimento...
- Já sei, já sei. Mas pode-se fazer de conta que se esqueceu, fingindo podemos guardar os maus sentimentos, metê-los lá no fundo, longe da superfície...limpar o coração com uma esponja...
- Isso seria como varrer e guardar o lixo debaixo do tapete...ou virar a cara.
Despi-me, deitei-me no chão e deixei-me morrer, mas só consegui ficar adormecida sobre o chão empapado.
Fragmento de Amantea por D.F. Cantero
Só Maria a 23 de Fevereiro de 2008 às 02:08
oportuno só maria oportuno obrigada :)