estava a precisar de riscar no papel com força por causa do redemoinho que é esta época a engolir-nos quer queiramos ou não porque tudo à nossa volta está de pernas para o ar o Natal é como um maremoto não nos safamos não temos força somos sugados para dentro de todas as chatices por uma força colectiva muito maior do que a nossa nos passeios no trânsito nas mensagens nos telefonemas na pressão familiar para isto e para aquilo devíamos ser capazes de congelar esta época durante uns sete anos seguidos assim à laia de encantamento deitado sobre gente que não aprende de outra maneira sair dele depois do ano novo e pronto já estava no fim já toda a gente se tinha esquecido do desvario em que se anda e recomeçava tudo com calma e muito mais cuidado enquanto se lembrassem talvez não repetissem os erros passados que direito temos nós de nos atormentar desta forma se existe um deus num céu qualquer há-de querer saber por que raio nos punimos desta forma desprovida de qualquer utilidade ou sentido e aí sim havia de existir a ameaça de um castigo apocalíptico para quem voltasse a pecar caramba